O colombiano Egan Bernal sagrou-se campeão do 54º Tour de l'Avenir no último dia 27 de agosto e acaba de assinar contrato com o poderoso Team Sky para o próximo ano. E isso pode ter um significado muito importante para o futuro do ciclismo.
Existem várias provas importantes para ciclistas até 23
anos, mas nenhuma se compara ao Tour de l'Avenir. Seu percurso, a visibilidade internacional e suas montanhas tornam essa competição especial e icônica. Criado em 1961 por Jacques Goddet, do L'Equipe,
o Tour do Futuro, em bom português, foi idealizado em sua origem ciclistas para
amadores e aberto a todos, o que significava na prática atrair ciclistas da
União Soviética e outros países onde não havia ciclismo profissional. As
primeiras edições foram simultâneas ao Tour de France, no que havia aí uma certa
dose de provocação – não custa lembrar que vivia-se o auge da Guerra Fria. Mais tarde
mudou de data no calendário, passando a ser realizado em setembro, e em 1981 foi
aberto a profissionais. Nessa fase inicial o Tour de l’Avenir sagrou campeões
como Felice Gimondi, Joop Zoetemelk, Greg LeMond, Miguel Indurain e Laurent
Fignon, que viriam a vencer o Tour de France também. As transformações foram se seguindo, tornando-se restrito a atletas até 25 anos em 1992 até adquirir, em
2007, o formato atual, com equipes nacionais para ciclistas até 23 anos.
E nesse formato, o Tour de l’Avenir se constituiu numa
referência para jovens promessas. Não exatamente para revelar talentos, porque
a maioria dos que lá correm são estagiários em equipes profissionais ou já
fazem parte de seu time de elite, mas sim testar a sua capacidade técnica,
resistência, e habilidade nas montanhas. Vencer o Tour de l'Avenir não é
garantia de sucesso, mas influência diretamente na reputação de um ciclista. A
lista de vencedores no formato atual dá a medida:
2008 Jan Bakelants (BEL)
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2009 Romain Sicard (FRA)
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2010 Nairo Quintana (COL)
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2011 Esteban Chaves (COL)
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2012 Warren Barguil (FRA)
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2013 Rubén Fernández (ESP)
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2014 Miguel Ángel López
(COL)
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2015 Marc Soler (ESP)
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2016 David Gaudu (FRA)
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— Tour de l'Avenir (@tourdelavenir) 27 de agosto de 2017E com isso chegamos à edição de 2017, vencida pelo talentoso Egan Bernal, que arrebatou duas etapas de montanha com chegada ao alto na caminhada para o título.
Nascido em Zipaquirá, Egan Arley Bernal se profissionalizou em 2016, assinando com a equipe Pro Continental
italiana Androni Giocattoli – Sidermec e não demorou a chamar atenção. Na Settimana
Internazionale Coppi e Bartali foi o melhor entre os jovens, fato que se
repetiria também no Giro del Trentino, no Tour da Slovênia e no Tour of Bihor –
Bellotto, onde venceu também na classificação geral. Neste ano, foi o camisa
branca em San Juan, no Tour dos Alpes, novamente na Coppi e Bartali e campeão do Tour de Savoie Mont Blanc, na França, e do Sibiu Cycling Tour, na Romênia,
antes de brilhar no Tour de l'Avenir.
Aos 20 anos, com 1,74m, 60 kg, uma habilidade impressionante
nas montanhas e um contra-relógio respeitável, o colombiano é naturalmente
apontado como o futuro do GC. Há que já aponte ele como um provável vencedor de
não um, mas múltiplos Tours de France.
A Sky, que de boba não tem nada, quer continuar e ampliar o seu domínio no ciclismo mundial. Os rumores já vinham há alguns meses e logo após o título
veio a confirmação da contratação de Bernal. De quebra, a equipe britânica
assinou também com outros dois jovens promissores que se destacaram no Tour de
l’Avenir, o dinamarquês Kristoffer Halvorsen, 21 anos (da equipe Continental dinamarquesa Joker Icopal), que levou a camisa verde de
pontos com sobras, e o russo Pavel Sivakov, 20 anos, que faz parte da equipe de desenvolvimento da BMC e ficou com o título nas montanhas.
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