Após a brutal subida de Sierra Nevada, é hora de aproveitar o segundo dia de descanso e avaliar o que aconteceu nas etapas de 10 a 15 desta La Vuelta a España 2017 no que se refere à luta pela camisa vermelha, assim como tentar entender o que pode ainda acontecer até a
chegada em Madrid.
Os vencedores
Matteo Trentin (Quick-Step) tem sido brilhante. A vitória na 10ª etapa certamente está entre as mais importantes da sua carreira. Saiu na fuga, resistiu nas escaladas (uma de categoria 1 e outra de categoria 3) e manteve o ritmo forte para superar o espanhol José Joaquín Rojas (Movistar). O italiano ainda conquistou a 13ª etapa, essa sim dentro da sua característica, chegando a três vitórias (já havia vencido a etapa 4). O triunfo, aliás, foi o quinto da Quick-Step nesta Vuelta e o 15º no ano em grandes voltas para a equipe belga (5 no Giro d'Italia e mais 5 no Tour de France). Impressionante. Miguel Ángel López (Astana), sobre o qual falaremos mais adiante, justificou o apelido de Superman e voou sobre os rivais para vencer na 11ª e 15ª etapas, ambas com chegadas ao alto bastante seletivas. O polonês Tomasz Marczyński (Lotto - Soudal) voltou a se destacar e aproveitou a fuga para vencer a 12ª etapa com autoridade. E seu compatriota Rafał Majka, que vinha num ano difícil, também prevaleceu na fuga para conquistar a 14ª etapa. A Polônia, por sinal, já tem 3 vitórias, enquanto a entusiasmada torcida espanhola ainda não teve o prazer de saborear o triunfo de um ciclista local nesta nesta edição da Vuelta.
10
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Caravaca de
la Cruz – Alhama de Murcia
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Matteo Trentin (ITA)
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11
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Lorca - Calar Alto
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Miguel Ángel López (COL)
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12
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Motril - Antequera
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Tomasz Marczyński (POL)
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13
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Coín - Tomares
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Matteo Trentin (ITA)
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14
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Écija -
Sierra de La Pandera
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Rafał Majka (POL)
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15
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Alcalá la
Real - Sierra Nevada
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Miguel Ángel López (COL)
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Froome seguro na
liderança
Com o segundo lugar obtido em Calar Alto, Chris Froome (Team Sky) pode
não apenas ampliar sua diferença sobre os rivais como também passar a ser mais
calculista nas etapas seguintes, sem se preocupar tanto com os ataques,
seguindo no seu ritmo e sendo bem protegido pelos seus gregários, especialmente
Wout Poels nas subidas mais difíceis. As duas quedas durante a 12ª etapa criaram
alguma dúvida em relação às condições físicas do líder, mas até o momento o inglês
continua numa forma invejável e sem demonstrar qualquer sinal de fraqueza.
Vídeo da primeira queda de Froome ontem. #vueltanaespn pic.twitter.com/akM8CdtgcC— País do Ciclismo (@DoCiclismo) 1 de setembro de 2017
A rigor, a disputa neste momento se resume apenas entre Froome
e Vincenzo Nibali (Bahrain – Merida), que cresceu nas últimas etapas e vem
sistematicamente atacando e testando Froome. À seu lado, Nibali tem a favor o
histórico de subir de produção na reta final de grandes voltas. Terá ainda quatro etapas para obter êxito. Com o ataque em Antequara, Alberto
Contador (Trek – Segafredo) parecia uma ameaça crescente e real; no entanto, a frustrada
investida durante a Sierra Nevada não causou outra coisa além de empolgação no público. Com 3’59” de distância na geral, a derrota na 15ª etapa
praticamente minou as chances do espanhol – o que não significa que deixará
de atacar e ser um elemento crucial nas etapas seguintes, peça importante para
Nibali e os demais concorrentes que almejarem desafiar Froome. No momento em que
mais se esperava de Esteban Chavez (ORICA-Scott), por tudo que havia feito na
primeira semana (àquela altura a 36” da liderança), o colombiano sucumbiu onde
deveria mostrar sua força e ainda foi totalmente eclipsado pelo seu compatriota
Miguel Ángel López, de apenas 23, que em seu segundo Grand Tour
(esteve na Vulta de 2016) vem demonstrando um talento excepcional, agressivo e muito
forte nas etapas mais desgastantes até aqui realizadas. López dificilmente
briga pelo título (6º a 2’51”) mas se as pernas aguentarem poderá acrescentar
ainda mais brilhantismo à Vuelta. Dito isso, os 40,2 km do contra-relógio do Circuito de
Navarra até Logroño (16ª etapa) serão determinantes para estabelecer o quanto Froome estará mais próximo de vencer sua primeira Vuelta a España ou se a
disputa permanecerá em aberto até o Angrilu.
Disfruta del último kilómetro de la exhibición de @SupermanlopezN ofrecido por @CarrefourES #CarrefourConLaVuelta #LV2017 pic.twitter.com/RAZQWaSmvx— La Vuelta (@lavuelta) 3 de setembro de 2017
As boas surpresas
Sob Wilco Kelderman sempre pairou uma sombra de
dúvida e desconfiança se ele realmente tinha o necessário para ser um capitão
de equipe e postulante a GC de fato. E o holandês vem se provando a cada etapa,
mantendo-se firme e seguindo o mesmo ritmo dos líderes. Ainda resta muito para
o fim da Vuelta, mas Kelderman vem confirmando o ano
espetacular da Sunweb - e o investimento da equipe alemã nele - e pode muito bem vir a ser um protagonista numa grande volta.
Sem alardes e vindo pelas beiradas, Ilnur Zakarin (Katusha –
Alpecin) vem ganhando terreno a cada dia e com o segundo lugar obtido em Sierra
Nevada ocupa agora um inesperado terceiro lugar na geral (a 2’08”). Zakarin pode
não ser um ciclista fascinante, mas tem o seu talento e boas chances de
repetir ou até superar o 5º posto obtido no Giro d’Italia deste ano. O estreante Richard Carapaz tem sido bem interessante de se acompanhar. O equatoriano da Movistar vem apresentando boas performances e alguns resultados respeitáveis, com boas chances de ganhar mais oportunidades na equipe espanhola.
Por fim, sempre se fala dos gregários da equipe Sky, muitos
dos quais poderiam ser capitães em outras equipes, mas é digno de nota o
trabalho que Pello Bilbao (Astana) vem fazendo. O espanhol tem
atuado com maestria para que Miguel Ángel López possa brilhar, além de
ajudar o capitão Fabio Aru a não perder muito tempo quando já não consegue acompanhar os rivais na classificação.
Na próxima semana, uma análise final sobre a Vuelta 2017.
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