La Vuelta 2017 - Balanço Final - parte 2

Na segunda parte deste balanço final da Vuelta, o comentário para sete equipes que se destacaram e foram bem (algumas mais, outras menos) no último grand tour do ano. 




Quick-Step Floors
Foram seis vitórias com três atletas diferentes, superando o desempenho no Tour e no Giro (cinco vitórias em cada um). Yves Lampaert certamente não esperava vencer em Gruissan e vestir a camisa vermelha por um dia, e Julian Alaphilippe conseguiu a sua vitória em Xorret de Catí e poderia ter tentado mais vitórias se estivesse em plena forma. Mas o nome da Quick-Step foi Matteo Trentin. O italiano, que já tinha vitórias no Giro e no Tour, não teve concorrentes nas raras chegadas planas e ainda alcançou uma inesperada vitória numa etapa de média montanha. Uma Vuelta fantástica e que teria a camisa verde como a cereja do bolo, não ficasse a apenas dois pontos de Froome no final. O único ponto fraco realmente foi no GC, em que David De La Cruz perdeu rendimento na última semana e a queda na penúltima etapa impediu o espanhol de terminar a Vuelta.
O destaque: Enric Mas. Combativo, impetuoso, o jovem espanhol mostrou as suas credenciais. Formado na Fundación Contador, ao vê-lo ao lado de El Pistolero no pelotão impossível não pensar numa simbólica passagem de bastão.


BMC Racing Team
Vitória no contra-relógio por equipes e uma primeira semana fantástica, com Nicolas Roche e Tejay Van Garderen entre os cinco melhores na geral. As coisas desandaram um pouco a partir disso, é verdade, com a esperada queda de rendimento de Roche (principalmente) e Van Garderen, e o estranho abandono do instável Rohan Dennis no dia do ITT (em que ele era um dos principais favoritos à etapa). Tejay ainda conseguiu se segurar para fechar num bom 10º lugar na geral enquanto Roche ficou em 14º. Pelo tamanho e orçamento, a BMC deveria entregar melhores resultados, mas foi uma boa participação da esquadra norte-americana.
O destaque: não foi a sua melhor participação na Vuelta, mas o especialista em fugas Alessandro de Marchi tentou todos os dias e mostrou muita consistência.

Lotto Soudal
A Vuelta não poderia ter sido melhor para a equipe belga. Umas das mais constantes na fuga, soube trabalhar e planejar muito bem suas estratégias, arrebatando quatro vitórias com três ciclistas diferentes. Tomasz Marczynski, 33 anos, nunca havia vencido em uma grande volta e levou não uma, mas duas etapas (6ª e 12ª). Vitória inédita também para o veterano Sander Armée, que venceu com autoridade a 18ª etapa. E Thomas de Gendt, que dispensa comentários, deu o bote na hora certa para conquistar a 19ª etapa.
O destaque: não poderia ser outro senão ele, Thomas de Gendt, que com o triunfo em Gijón passou a ter vitórias nas três grandes voltas.


UAE Team Emirates
Uma vitória com Matej Mohoric, um segundo lugar com Jan Polanc e mais alguns bons resultados com Rui Costa e Sacha Modolo. O desempenho final da equipe sediada no Catar está de ótimo tamanho. Sempre envolvida nas fugas, a UAE apareceu com destaque, terminando ainda com o sul-africano Louis Meintjes, de saída para a Dimension Data, em 12º lugar na classificação geral.
O destaque: campeão mundial júnior em 2012 e U23 em 2013, Matej Mohoric não é uma surpresa. Com 22 anos ainda, pode se tornar um sério candidato a GC nas grandes voltas.


BORA – hansgrohe
O ano de Rafał Majka esteve longe do que ele próprio esperava, mas a vitória veio e numa das etapas que mais lhe favoreciam, em Sierra de La Pandera. Não foi uma participação ruim, longe disso, mas fica a sensação de que a BORA precisa de alguns ajustes para crescer e não depender apenas de Majka e Peter Sagan para obter sucesso.
O destaque: Pawel Poljanski bem que tentou, mas bateu na trave duas vezes seguidas, em Sagunt e Cuenca. Ainda assim, uma de suas melhores participações em GT.

Aqua Blue Sport
Uma estreia inesquecível para a carismática equipe irlandesa. A lamentar apenas o triste e inacreditável ataque ao ônibus do time, incendiado por um senhor de meia idade (rapidamente identificado e localizado pela polícia espanhola), mas que por sorte não causou nenhum ferido. O sonho da Aqua Blue era vencer uma etapa e ela veio numa das mais difíceis: na estreita subida de Los Machucos. Com trechos de inclinações na casa dos 30%, foi uma das melhores desta edição e o austríaco Stefan Denifl saiu na fuga para ser o primeiro a cruzá-la, com quase 30” de vantagem para o segundo colocado, Alberto Contador. Denifl, que ficou sem vaga no World Tour com o fim da IAM Cycling em 2016, viu sua carreira renascer este ano na pequena equipe Pro Continental.
O destaque: com 2,04m, o irlandês Connor Dunne resistiu às duríssimas montanhas e completou a Vuelta, sempre sem perder o bom humor. Digno de aplausos.


Manzana Postobon
Também estreante, a equipe Pro Continental colombiana não venceu etapa mas certamente saiu satisfeita com seu desempenho, chegando a Madrid com todos os seus nove ciclistas. Participando ativamente das fugas, a Manzana Postobon cumpriu o seu objetivo de ser vista e dar experiência aos seus jovens integrantes. Dos nove selecionados, sete eram colombianos, quase todos com menos de 25 anos – os outros dois ciclistas foram o português Ricardo Vilela e o holandês Jetse Bol.
O destaque: experiente, Jetse Bol teve uma grande participação, especialmente na 7ª etapa, quando ocupou virtualmente por alguns minutos a camisa vermelha e se colocou, ao menos por um dia, entre os 10 melhores da classificação geral.

Amanhã a última parte da análise, com aquelas equipes que, digamos, deveriam estar bem preocupadas com 2018.

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