Na segunda parte deste balanço final da Vuelta, o comentário para sete equipes que se destacaram e foram bem (algumas mais, outras menos) no último grand tour do ano.
Quick-Step Floors
Foram seis vitórias com três atletas diferentes, superando o
desempenho no Tour e no Giro (cinco vitórias em cada um). Yves Lampaert
certamente não esperava vencer em Gruissan e vestir a camisa vermelha por um
dia, e Julian Alaphilippe conseguiu a sua vitória em Xorret de Catí e poderia ter
tentado mais vitórias se estivesse em plena forma. Mas o nome da Quick-Step foi
Matteo Trentin. O italiano, que já tinha vitórias no Giro e no Tour, não teve
concorrentes nas raras chegadas planas e ainda alcançou uma inesperada vitória
numa etapa de média montanha. Uma Vuelta fantástica e que teria a camisa verde como a
cereja do bolo, não ficasse a apenas dois pontos de Froome no final. O único
ponto fraco realmente foi no GC, em que David De La Cruz perdeu rendimento na
última semana e a queda na penúltima etapa impediu o espanhol de terminar a Vuelta.
O destaque: Enric Mas. Combativo, impetuoso, o jovem
espanhol mostrou as suas credenciais. Formado na Fundación Contador, ao vê-lo
ao lado de El Pistolero no pelotão impossível não pensar numa simbólica
passagem de bastão.
Ha sido un placer compratir peloton @albertocontador pic.twitter.com/oDALgjrx7w— Enric Mas Nicolau (@EnricMasNicolau) 10 de setembro de 2017
BMC Racing Team
Vitória no contra-relógio por equipes e uma primeira semana
fantástica, com Nicolas Roche e Tejay Van Garderen entre os cinco melhores na
geral. As coisas desandaram um pouco a partir disso, é verdade, com a esperada
queda de rendimento de Roche (principalmente) e Van Garderen, e o estranho abandono
do instável Rohan Dennis no dia do ITT (em que ele era um dos principais
favoritos à etapa). Tejay ainda conseguiu se segurar para fechar num bom 10º
lugar na geral enquanto Roche ficou em 14º. Pelo tamanho e orçamento, a BMC
deveria entregar melhores resultados, mas foi uma boa participação da esquadra
norte-americana.
O destaque: não foi a sua melhor participação na Vuelta, mas
o especialista em fugas Alessandro de Marchi tentou todos os dias e mostrou
muita consistência.
Lotto Soudal
A Vuelta não poderia ter sido melhor para a equipe belga.
Umas das mais constantes na fuga, soube trabalhar e planejar muito bem suas
estratégias, arrebatando quatro vitórias com três ciclistas diferentes. Tomasz
Marczynski, 33 anos, nunca havia vencido em uma grande volta e levou não uma,
mas duas etapas (6ª e 12ª). Vitória inédita também para o veterano Sander Armée,
que venceu com autoridade a 18ª etapa. E Thomas de Gendt, que dispensa
comentários, deu o bote na hora certa para conquistar a 19ª etapa.
O destaque: não poderia ser outro senão ele, Thomas de Gendt,
que com o triunfo em Gijón passou a ter vitórias nas três grandes voltas.
El último kilómetro en Gijón ha sido muy emocionante. Sprint final incluido. #LV2017 ofrecido por @CarrefourES #CarrefourConLaVuelta pic.twitter.com/idlJDeqbfF— La Vuelta (@lavuelta) 8 de setembro de 2017
UAE Team Emirates
Uma vitória com Matej Mohoric, um segundo lugar com Jan
Polanc e mais alguns bons resultados com Rui Costa e Sacha Modolo. O desempenho
final da equipe sediada no Catar está de ótimo tamanho. Sempre envolvida nas
fugas, a UAE apareceu com destaque, terminando ainda com o sul-africano Louis
Meintjes, de saída para a Dimension Data, em 12º lugar na classificação geral.
O destaque: campeão mundial júnior em 2012 e U23 em 2013, Matej
Mohoric não é uma surpresa. Com 22 anos ainda, pode se tornar um sério
candidato a GC nas grandes voltas.
#LV2017 #LastKm of the stage. Matej Mohoric gets most important win of his career. | #UltimoKm en Cuenca.pic.twitter.com/JZnutyfzOn— Brain on Wheels 🚲 (@BrainOnWheels) 25 de agosto de 2017
BORA – hansgrohe
O ano de Rafał Majka esteve longe do que ele próprio
esperava, mas a vitória veio e numa das etapas que mais lhe favoreciam, em Sierra
de La Pandera. Não foi uma participação ruim, longe disso, mas fica a sensação
de que a BORA precisa de alguns ajustes para crescer e não depender
apenas de Majka e Peter Sagan para obter sucesso.
O destaque: Pawel Poljanski bem que tentou, mas bateu na
trave duas vezes seguidas, em Sagunt e Cuenca. Ainda assim, uma de suas
melhores participações em GT.
Aqua Blue Sport
Uma estreia inesquecível para a carismática equipe
irlandesa. A lamentar apenas o triste e inacreditável ataque ao ônibus do time,
incendiado por um senhor de meia idade (rapidamente identificado e localizado pela polícia espanhola),
mas que por sorte não causou nenhum ferido. O sonho da Aqua Blue era vencer uma
etapa e ela veio numa das mais difíceis: na estreita subida de Los
Machucos. Com trechos de inclinações na casa dos 30%, foi uma das melhores desta
edição e o austríaco Stefan Denifl saiu na fuga para ser o primeiro a cruzá-la,
com quase 30” de vantagem para o segundo colocado, Alberto Contador. Denifl,
que ficou sem vaga no World Tour com o fim da IAM Cycling em 2016, viu sua
carreira renascer este ano na pequena equipe Pro Continental.
O destaque: com 2,04m, o irlandês Connor Dunne resistiu às duríssimas
montanhas e completou a Vuelta, sempre sem perder o bom humor. Digno de
aplausos.
🎥Resumen de la Etapa17:— La Vuelta (@lavuelta) 7 de setembro de 2017
Villadiego ➡️Los Machucos - Monumento Vaca pasiega⛰️ pic.twitter.com/C5laXEMzr3
Manzana Postobon
Também estreante, a equipe Pro Continental colombiana não
venceu etapa mas certamente saiu satisfeita com seu desempenho,
chegando a Madrid com todos os seus nove ciclistas. Participando ativamente das
fugas, a Manzana Postobon cumpriu o seu objetivo de ser vista e dar experiência
aos seus jovens integrantes. Dos nove selecionados, sete eram colombianos, quase
todos com menos de 25 anos – os outros dois ciclistas foram o português Ricardo
Vilela e o holandês Jetse Bol.
O destaque: experiente, Jetse Bol teve uma grande
participação, especialmente na 7ª etapa, quando ocupou virtualmente
por alguns minutos a camisa vermelha e se colocou, ao menos por um dia, entre
os 10 melhores da classificação geral.
Amanhã a última parte da análise, com aquelas equipes que, digamos, deveriam estar bem preocupadas com 2018.
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